segunda-feira, 14 de abril de 2008

Arte e Contestação

Ao andar pelas ruas do centro de Belo Horizonte não é difícil notar panfletos e intervenções artísticas que se engajam na crítica ao atual modo de vida da sociedade. Essas manifestações têm como objetivo principal mostrar por meio de ironias a insatisfação com determinadas condutas da propaganda, dos políticos e da própria comunidade, a fim de provocar alguma comoção ou sensibilidade popular. Em meio à repressão policial e o reconhecimento popular, os grupos que promovem essas intervenções buscam de maneira original inovar os conceitos de arte urbana, sempre com um questionamento à organização da sociedade.
Um dos mais conhecidos grupos de intervenção artística de Belo Horizonte é o Coletivo Poro, que tem como idealizador o artista plástico Marcelo Terça-nada. Para ele é importante que centros urbanos sejam cenário para manifestações artísticas diversas. “As pessoas podem se relacionar diretamente com o trabalho sem que nenhum aparato o esteja definindo como arte”, diz Marcelo ao justificar a exposição de suas obras em lugares inusitados da cidade, “o trabalho, ao estar na rua, ganha autonomia e passa a estar sujeito a interferências e apropriações da própria população”.
O tema das obras e o modo como são feitas é extremamente variado, da projeção de imagens sobre a história da arte na parede de um bar até a distribuição de panfletos ironizando propagandas de políticos em época de eleição, as intervenções tem como ponto comum a crítica à produção artística e à conjuntura sócio-cultural da atualidade. A maior parte das obras é exposta de maneira lícita; no entanto, alguns grupos utilizam panfletos que são colocados de maneira irregular sobre campanhas publicitárias de grande porte, atitude que se refere à contestação aos rumos da publicidade nos dias de hoje. Como exemplo, temos o panfleto com o desenho do personagem Hello Kitt pornografizado, que sempre é colocado por cima de out-doors ou cartazes de campanhas de publicidade milionárias.
Obras com esses assuntos podem passar despercebidas por grande parte da população, mas sempre produzem algum efeito em quem as vê. “É interessante, porque mostra distorções produzidas por grandes marcas, quebrando aquela visão tão perfeita que a mídia nos passa e mostrando o poder da propaganda” -- é o que diz Hilton Milanez, estudante de jornalismo da Faculdade Pitágoras e freqüentador do centro de Belo Horizonte, se referindo às obras expostas sobre campanhas publicitárias.
Movimentos de contracultura como esses tiveram grandes conseqüências na historia mundial, como o movimento Beat nos EUA, que utilizava a literatura para se rebelar contra os costumes da época, e o Movimento dos Provos que por meio de manifestações artísticas anarquistas conseguiram a liberação do comércio de maconha em Amsterdã. Embasada nesses fatos históricos, a professora e cientista social, Juniele Rabelo, classifica como positiva a participação de grupos artísticos no contexto social urbano, “os questionamentos trazidos por esses grupos são muito pertinentes nos dias atuais, e só através da arte é possível influenciar de forma maciça a sociedade”.

Vinil

Nascido na década de 50, mas há aproximadamente 20 anos fora do mercado devido aos avanços tecnológicos, o Vinil ainda tem espaço garantido na prateleira de colecionadores dessas raridades.

O bom, velho e não esquecido Vinil está próximo de completar seis décadas de existência no Brasil, quarto país no mundo a produzir o disco neste formato. O “bolachão”, material de plástico e com 31 centímetros de diâmetro, teve ascensão no mercado nacional na década de 50, quando substituiu o antigo disco de 78rpm (rotações por minuto).
Nesta mesma época, gravadoras começaram a lançar novos artistas que mostravam suas músicas nos LP´s (Long Plays) onde era possível armazenar até 20 minutos de áudio em cada lado. Ícones da música como Led Zeppelin, Roberto Carlos, Mutantes e Elvis Presley deram suas caras para o mundo através dos vinis, que para muitos pode ser considerado uma reprodução fiel do som em estúdio, mesmo com seus estalos e chiados.
Mas já no final dos anos 80 a vida dos vinis começou a ser ameaçada, e o motivo foi o surgimento do CD (compact disc), uma tecnologia digital, diferente dos vinis, com maior capacidade, durabilidade e riqueza sonora, assim a indústria fonográfica encontrou um meio mais barato e eficiente de expor seus artistas no mercado, forçando a extinção dos elegantes bolachões.
A ausência dos LP´s no mercado impulsionou os amantes da música a colecionar vinis, já que grandes sucessos de artistas do passado só poderiam ser ouvidos através de seus discos.
O músico e empresário Geraldo Santos (Gegê),00, é um dos milhares de colecionadores de vinis espalhados por todos os cantos e diz que seu maior prazer em colecionar estas raridades é pelo fato do vinil proporcionar um som mais aberto e vivo. “O vinil te transporta para uma época em que a arte vinha em primeiro lugar e cada lançamento de um disco era precedido de muita curiosidade e expectativa”, ressalta Gegê.
O avanço tecnológico não só tirou os vinis das prateleiras, como também levou o prazer e a essência de adquirir novo álbum de seu artista predileto, pois hoje em dia basta navegar pela internet e ouvir todo o novo trabalho pelo próprio site do artista e até mesmo baixar toda sua discografia, além de eliminar o trabalho de outros artistas que produziam as artes nas capas dos álbuns.
Hoje no Brasil apenas uma fábrica de disco de vinil resiste ao tempo, a Poly Som, localizada no município de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. E para quem pensa que a fábrica não produz mais vinis por não terem espaço no mercado estão enganados, a fábrica produz cerca de 35 mil discos por ano. E conta com clientes ilustres que pretendem não deixar o vinil morrer, como Nando Reis, Ed Motta e Caetano Veloso, que lançaram trabalhos em formato LP. A cantora Vanessa da Matta deve parte do seu sucesso ao vinil, pois a musica “ai ai ai..” foi bastante tocada pelos Dj´s em boates com o uso do vinil.

A cantora revelação Céu, grande defensoras dos LP´s, foi uma das cantoras que recentemente pediu para que parte do seu trabalho pudesse ser lançada em vinil, lançado pela gravadora Warner, que já havia feito o mesmo com artistas como O Rappa e Maria Rita, assim como a Sony BMG fez com Marcelo D2, Jota Quest e Los Hermanos.

Planet Hemp!

Muito antes do surgimento da banda Planet Hemp que se manifestava a favor de uma planta proibida, a história da humanidade já se baseava no Planeta Maconha. Mesmo antes de se descobrir os prazeres de apreciar o fumo, a erva sempre esteve presente em vários segmentos na sociedade.

Assim como no Rastafarianismo, agora foi a vez da moda abrir as portas e reverenciar uma planta sagrada para alguns e discriminada por outros, e o nome dela? Cannabis Sativa.
E para familiarizarmos com esta planta também conhecida como Marihuana, Hemp, Ganja, Cânhamo e Maconha, fruto da natureza, mas que nos últimos anos tem sido discriminada, vamos voltar a alguns milhares de anos atrás, por volta de 2.800 anos antes de Cristo, onde na China já era cultivada a planta para extração de fibras. Mais tarde, as caravelas usadas para o descobrimento da América tinham suas velas feitas com o tecido da erva. Até por volta de 1.900, cerca de 90% dos papéis usados em todo o mundo eram provenientes da maconha, até mesmo o papel usado para ser feita a Primeira Constituição dos Estados Unidos tinha a cannabis em sua fabricação.
Então, porque não afirmar que a cannabis é de fato uma planta milagrosa? Uma planta que sempre esteve presente da história da humanidade e que é possível extrair milhares de produtos derivados dela e essenciais para a sociedade moderna como calçados, roupas, xampú, sabonete, corda, graxa de sapato, sabão em pó, tintas, combustível, papel, temperos, artesanato e até cerveja, entre outros produtos, tornando a planta uma matéria-prima valiosíssima para a industria atual.
No Brasil, novos produtos derivados da maconha vêm chegando as prateleiras e marcas renomeadas como a Adidas, Guess, Calvin Klein e as nacionais Redley e Osklen já usam o Hemp em seus produtos.
“São vários os fatores positivos para se fabricar tecidos com o uso do cânhamo, o tecido é mais resistente, exige menor tratamento químico e as fibras duram mais que a de algodão”, afirma a estilista Yamê Reis, e segundo ela o avanço tecnológico neste setor tem contribuído muito para o aumento na produção destes tecidos na Europa.
O também estilista Calvin Klein declarou em uma entrevista ao jornal The New York Times que o hemp será a fibra escolhida tanto para a mobília, quanto para a industria da moda, ressaltando que a cannabis é o “material da moda”.
Ao contrário do Petróleo, a cannabis é um recurso renovável, limpo e não necessita de agrotóxicos pois tem alto desempenho produtivo e se torna uma planta estrategicamente sustentável após o fim do petróleo e seus derivados, principalmente na produção de combustível.
Países como China, Espanha, Inglaterra, Portugal, Hungria e Canadá já fazem o plantio da cannabis para pesquisas genéticas, sem o THC (princípio psicoativo)e para uso industrial, e o mais importante,o plantio é legal nestes países para esses fins.
No Brasil ainda é proibido o cultivo da cannabis apesar do aval do Deputado Federal Fernando Gabeira que chegou a ser preso quando tentou importar sementes de cânhamo, e que com frequência costuma montar uma barraquinha nas ruas no Rio de Janeiro para expor todos os seus produtos que tem em sua coleção, todos eles derivados da maconha.
No ano de 1999, a deputada Magaly Machado colocou em prática p projeto de lei Nº 1035/99, onde proíbe a industrialização e fabricação de qualquer produto derivado da maconha, alegando que dessa maneira se fazia apologia ao uso de drogas, e retirando do mercado todos os produtos no mercado no Rio de Janeiro da marca Adidas.
Na verdade, o que se vê é a perda de uma importante matéria-prima por questões políticas e preconceituosas, se não somos um país desenvolvido nesse aspecto como muitos países europeus, poderíamos deixar o conservadorismo de lado, e nos situar perante a realidade e passar a tratar a cannabis como uma fonte de renda para nosso país através do bom uso.

Turismo: LAVRAS NOVAS

Localizado a 19Km de Ouro Preto, o distrito de Lavras Novas, existente desde 1716, vem sendo descoberto por turistas que procuram conforto, cultura, paz e contato com a natureza.
Cercada por grandes montanhas, Lavras Novas se caracteriza pelos seus antigos moradores, de maioria negra, que ainda mantêm seus antigos costumes e que com toda simplicidade recebe os turistas, seja em suas casas ou quintais que alugam para acampamentos, o distrito de Ouro Preto conta também com belezas naturais diversas como cachoeiras e represas, além de belíssimas caminhadas.
Os turistas que optam por visitar Lavras Novas têm a opção de criarem seus próprios roteiros e serem acompanhados por um Guia, isto graças ao Projeto “Olhar”, realizado pelos próprios moradores do local, que são os responsáveis por mostrar as maravilhas que a região possui, como a Cachoeira do Rapel, com mais de 200 metros de queda, Cachoeira dos Namorados, Cachoeira dos Três Pingos, o Pocinho e a Represa do Custódio.
Além de toda beleza natural, Lavras Novas também é abrigo de artesãos e artistas plásticos que abrem as portas de suas casas durante o dia para exporem suas obras. Já pela noite, é a vez de freqüentar os pequenos bares e restaurantes, e ainda se desfrutar de uma boa música ao vivo de músicos de toda a região, além de bandas que passeiam ao som de Jazz a Beatles.